quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Trombeta-do-Diabo: aspectos e notas.


"Eu vim para lhe colher, mas não sem um propósito. Você foi colocada aqui como a medicina, e é para a medicina que eu procuro você. Não seja prejudicial, oh poderosa. Agradeço-vos ... " (As palavras de Luiseno, Curandeiro, disse que antes de escolher a Datura)

Datura stramonium, vulgarmente designada como estramonio, figueira-do-demo, figueira-do-diabo e figueira-do-inferno, Canudo, Lírio, Zabumba, Saia-branca, Trombeteira e Trombeta-do-Diabo.

As flores, com a mesma fragrância da planta Mirabilis Jalapa, abrem e fecham irregularmente durante a noite e ganhando o apelido de Planta-da-Lua.

Os sacerdotes astecas usavam a Datura para se comunicar e para receber mensagens dos deuses. Uma pequena porção da planta é usada pelo povo Navajo como uma proteção contra feitiçaria e mau olhado, era chamada de "Erva Iluminadora".


A origem do nome vem do hindu "dhát", um veneno preparado com plantas, e "tatorah", entorpecente. Plantas desse gênero e de alguns outros gêneros de Solanáceas apresentam compostos com propriedades alucinógenas, o que é conhecido desde tempos imemoriais. Povos primitivos, tanto da Eurásia como do Novo Mundo, fizeram intenso uso dessas propriedades em rituais místicos e religiosos, bem como para fins medicinais; outros usos tinham intuito criminoso, visando entorpecer as vítimas para as roubar ou matar.

Os efeitos alucinógenos incluem visões e sensações que eram tidas como formas de comunicação com os deuses. Curandeiros e adivinhos buscavam inspiração nessas visões. Ritos de iniciação, bem como de passagem de condições de crianças para adultos, envolviam o uso de preparados dessas plantas. Na região de Bogotá as viúvas e os escravos dos guerreiros mortos recebiam uma bebida com extratos dessas plantas, que as colocava em estado de torpor, de modo a serem enterrados vivos com os seus senhores[carece de fontes]. Plantas dos grupos mencionados não são substitutivas de plantas que fornecem drogas, como maconha, papoula ou coca, pois ao lado do efeito alucinógeno, existe um forte efeito tóxico, e uma "viagem" com Solanáceas frequentemente não tem retorno."

No livro A Erva-do-Diabo, de Don Juan, encontramos: "-- A erva-do-diabo tem quatro cabeças; a raiz, a haste e as folhas, as flores e as sementes. Cada qual é diferente, e quem a tornar sua aliada tem de aprender a respeito delas nessa ordem. A cabeça mais importante está nas raízes. O poder da erva-do-diabo é conquistado por meio de suas raízes. A haste e as folhas são a cabeça que cura as moléstias; usada direito, essa cabeça é uma dádiva para a humanidade. A terceira cabeça fica nas flores, e é usada para tornar as pessoas malucas ou para fazê-las obedientes, ou para matá-las. O homem que tem a erva por aliada nunca absorve as flores, nem mesmo a haste e as folhas, a não ser no caso de ele mesmo estar doente; mas as raízes e as sementes são sempre absorvidas; especialmente as sementes, que são a quarta cabeça da erva-do-diabo e a mais poderosa das quatro".

Na Mitologia greco-romana é ligada a Hades, Hecate e [especialmente] Saturno.

No Candomblé ela é usada nos banhos de limpeza dos filhos do orixá da varíola, Omulu. Possui relações com Oya e Exú também.

Na Índia foi usada pelos Thug (Sociedade Secreta Indiana) para drogar viajantes casuais, aos quais roubavam-lhe e depois os estrangulavam em sacrifício a Deusa Kali. Shiva era conhecido por fumar Datura.

Na Bruxaria a Datura esta entre as ervas preferidas pelas Bruxas para chamar o Mestre Chifrudo da Encruzilhada, como vemos no seguinte trecho por Draku-Qayin:
Suas plantas são as venenosas, aquelas presentes no Cálice da Intoxicação Sagrada, e entre elas temos especial apreço pela Mandrágora e pela Datura, esta popularmente chamada de “Trombeta do Diabo”. Sim, o Diabo é o Senhor do Veneno que gera Vida e do Remédio que leva a Morte. Em seu Cálice temos que beber, para matar nosso ‘Eu Profano’, custe o que custar, pois a Ordália não vem sem lágrimas e sem dor.
E neste outro trecho, de Katy de Mattos Frisvold (blog Espelho de Circe), confirmamos a relação da Datura com a Bruxa:

É interessante quando observamos as pistas históricas da figura da bruxa, em especial as deixadas pelos folclores rurais, e uma em especial é interessante: que o gênero de plantas mais usadas das bruxas medievais fosse justamente as solanaceae, ou seja, as ervas ‘consoladoras’. Dentre este gênero, há uma ampla gama de vegetais simples, como a batata, mas também um considerável número de venenos, o que as possibilitavam tanto curar quanto matar. As bruxas eram as ouvintes da sociedade, eram as ‘consoladoras’, com seus chás e ervas, simpatias e bênçãos.



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Figueira do Inferno - A Erva dos Feiticeiros

Um comentário:

  1. Obrigada, eu estava procurando por algo assim.
    Continue com o ótimo trabalho.


    Marília

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